Parece óbvio começar esse texto com a afirmação de que campanha política é coisa séria, mas a cada dois anos me deparo com os mesmos erros bobos sendo cometidos por candidatos e equipes. Principalmente quando se trata de eleições municipais. Por isso, vou destacar aqui o que não fazer em sua campanha eleitoral.

Pra começar, a menos que você não esteja interessado em disputar pra valer um cargo, alguns cuidados precisam ser tomados no planejamento de como vai ser a sua postura no ambiente online.

É impossível fazer uma campanha eleitoral hoje sem levar em conta uma boa estratégia para redes sociais, site, vídeos e tudo o que pode ser usado através da internet.

Porém, mesmo com o marketing digital já fazendo parte do universo político brasileiro a uns bons anos, ainda existe muita resistência, dúvidas e atitudes erradas por boa parte dos candidatos. Vamos a elas:

Não contratar agência ou profissional capacitado em marketing político

Esse é o maior dos erros e, infelizmente, também o mais comum. Candidatos costumam entregar o gerenciamento de suas redes sociais nas mãos de assessores, colaboradores ou familiares simplesmente pelo fato de que essas pessoas “sabem fazer postagem no Facebook”.

Pergunto, você entregaria a assessoria jurídica da sua campanha para alguém que conhece bem das leis ou para um advogado? Você colocaria a contabilidade e prestação de contas junto ao TSE da sua campanha nas mãos de uma pessoa boa de matemática ou nas mãos de um contador?

A lógica para o planejamento e o marketing é a mesma. Uma frase mal colocada ou um post malfeito podem destruir uma candidatura.

Marketing digital em política exige preparação, estudos, pesquisas, imersão, levantamento de dados, desenvolvimento de estratégia, definição de discurso e linguagem, análise de métricas e resultados, monitoramento constante etc. etc. etc. É um setor sério e que depende de profissionais e agências gabaritados para isso.

Seguir os conselhos do parente, vizinho ou amigo ao invés de ouvir o profissional

Na mesma lógica do item anterior, é muito comum que as pessoas próximas ao candidato tenham opiniões sobre o que deve ser feito no Facebook ou no Instagram.

Ideias e sugestões são válidas e muito importantes para o fluxo diário de uma campanha, contudo, nunca coloque a opinião de um leigo acima da opinião de um profissional.

Se a empresa que cuida da sua campanha determinou postagens em um horário X, certamente isso veio de avaliação de dados das suas redes sociais. Em quem você vai confiar? Nos números que a sua rede social fornece ou no vizinho que ouviu dizer que é melhor fazer isso tal hora?

Quem é mais capacitado para pensar a estratégia da sua campanha? Um profissional que atua em política a anos ou sua filha adolescente?

Copiar o trabalho do adversário

É preciso monitorar e acompanhar todo o trabalho online dos seus concorrentes. Isso não significa copiar as estratégias.

Situação já vivida na Agência Ethos, certo candidato se sentia incomodado porque um adversário postava mensagens com frases de autoajuda diariamente pela manhã. Na visão dele, suas redes sociais precisavam fazer a mesma coisa. Argumentamos, mas não adiantou e tivemos que ceder. O resultado? As mensagens não trouxeram nenhum resultado, nem mesmo a quantidade de likes que iria afagar a vaidade do candidato. O perfil do público do nosso candidato não via nele um guru da autoajuda, ou seja, as mensagens soaram estranhas, falsas… cópias.

Outra situação que testemunhei foi a de um designer freelancer que copiava para o seu candidato a vereador todas as artes criadas para uma campanha de prefeito de uma capital nordestina. Nesse caso, não me meti porque não tinha nada a ver com essa candidatura, mas entendem o quanto isso é errado? Plágio é crime!

Leia também: Erros que atrapalharam as campanhas nas eleições 2020

Achar que rede social é só fazer postagem

Outra situação bastante comum que vivenciamos já em um primeiro contato com possíveis clientes é a famigerada frase: “eu preciso de uma agência só para fazer umas postagens, uma ou duas vezes por semana só já tá bom”.

Se você acha que marketing político para Facebook, Instagram, Twitter ou qualquer outra rede social se resume a fazer uma ou outra postagem, esqueça sua candidatura ou faça figuração e ajude com seus votos a eleger outra pessoa.

Marketing político é estratégia e a sua rede social vai refletir isso. Seja ela feita com posts, textos, links, vídeos, e quantas vezes por dia a sua agência achar necessário fazer, utilizando temas que sejam estratégicos para a sua campanha.

Para concluir…

O que não fazer em sua campanha eleitoral?

Se você evitar cometer alguma das quatro situações que mencionei nesse texto, já terá um grande ganho.

Campanha eleitoral é estressante e suga as energias não só do candidato, mas de toda equipe envolvida. É preciso evitar ao máximo os desgastes desnecessários causados pelo nervosismo normal do dia a dia.

Palpiteiro sempre vai ter. Seja dentro de casa ou até o pipoqueiro da esquina. Cabe a você, candidato, decidir quem tem mais preparo para guiar o seu trabalho. Não se trata de preferência pessoal, mas sim de competência profissional.

Jefferson Rodrigues

Jefferson Rodrigues

Co-founder Agência Ethos. Jornalista, estrategista político e consultor em marketing político. Atuou na editoria de política do jornal O Tempo e na assessoria de imprensa da Prefeitura de Juiz de Fora. Em eleições, tem no currículo a estratégia e a coordenação geral de campanhas de prefeitos, vereadores e deputados em MG, SP, RJ e BA; além de ter atuado em equipes de campanhas para governo e senado em Minas Gerais.

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