O avanço e as facilidades tecnológicas digitalizaram ou modificaram a imensa maioria das formas de comunicação. Com as campanhas eleitorais não foi diferente. E um recurso muito utilizado até meados dos anos 2000, a carta, acabou totalmente abandonado. Mas a carta ainda pode ser usada em uma campanha política. Há espaço para ela e nós vamos te explicar o porquê.
Primeiramente, quando falamos em carta todo mundo vai virar o olho e achar que ficamos parados no tempo. O senso comum diz que carta é coisa do passado, ninguém mais lê e ninguém mais escreve. De fato, isso está quase 100% correto.
Quando falamos em campanha política então, a prioridade passou a ser rede social. Praticamente todos os pré-candidatos que nos procuram querem estratégias para o Facebook ou Instagram. Alguns até com ideias erradas sobre o uso dos mesmos. Carta? Ninguém nem lembra mais dela.
Só que se olharmos para a imensidão territorial do Brasil, principalmente em eleições municipais, percebemos que nem sempre a tecnologia de uma linha do tempo do Facebook faz parte do cotidiano das pessoas.
É aí que, em determinadas situações, a carta impressa acaba voltando a ocupar um espaço.
Carta ainda pode ser usada em uma campanha política!
Dezenas de pequenos municípios no Brasil possuem áreas rurais, distritos e povoados. Nesses locais, o contato pessoal entre as pessoas, o convívio, as conversas ainda tem uma presença muito forte.
Isso vale para a política também!
Quanto mais distante ou simples for o lugar, mais as chances das pessoas valorizarem um contato mais pessoal. Mais as chances de um pedaço de papel impresso – uma carta, dirigido para aquele lugar e falando com aquelas pessoas, fazer a diferença.
Por que em muitos locais do Brasil, receber uma carta, ainda mais de um vereador velho conhecido, é importante. A comunicação ali vai se dar de forma muito mais eficiente com a carta do que com um post no Facebook. Ainda mais se pensar que estamos falando de populações mais velhas, com pouquíssimo ou nenhum contato com a tecnologia.
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Uma pandemia no meio do caminho
As eleições municipais de 2020 aconteceram num cenário diverso do que estávamos acostumados. A pandemia de Covid-19 colocou o Brasil em isolamento social e dificultou muito dezenas de campanhas eleitorais.
Pense então nesse interior de povoados e distritos em que as conversas entre candidato e moradores se dava na sala da casa. Em que o contato pessoal era muito importante. Com a pandemia, tudo foi suspenso. Candidatos não sabiam como agir para chegar até lugares em que já eram mais do que conhecidos, mas que era preciso uma presença.
E foi assim que a carta impressa foi resgatada em dezenas de pequenas cidades. Cartas direcionadas para os moradores do povoado tal, aos amigos do distrito X… Ela fez a comunicação que nenhuma rede social faria. Porque na realidade daqueles lugares, a tecnologia ainda não substituiu totalmente o contato.
Carta vale para todas as situações?
Não! É preciso entender o local e a dinâmica de como vai se dar a campanha para decidir isso. Mas pequenas cidades do interior, distritos, povoados e áreas rurais certamente têm espaço para o uso da carta. Ainda mais em eleições municipais.
A carta, portanto, funciona muito bem apenas para determinadas situações e/ou realidades.
Enviar um texto ao eleitor, onde vai constar o nome dele em um papel, falando sobre propostas, relembrando velhas histórias e reforçando laços, tem sua importância. Basta que sua equipe ou agência saibam identificar as boas oportunidades de uso.
Lembre-se: a carta impressa é uma forma de comunicação que dialoga muito bem com um público mais velho que ou não se habituou com as tecnologias ou ainda guarda uma memória afetiva do “receber cartas”.
Imagem de capa: créditos by Tiffany Tertipes