Duas situações vivenciadas no nosso cotidiano me motivaram a compartilhar com vocês algumas orientações sobre como montar sua equipe de campanha.

Porque tem muito pré-candidato reunindo pessoas que não têm disponibilidade de tempo ou conhecimento suficiente em posições mais do que estratégicas para o bom andamento de um projeto político.

Eu sei que a maioria dos postulantes a candidaturas não tem recursos suficientes para contratar uma equipe completa ou uma agência que possa gerenciar toda a campanha.

A saída, geralmente, é contar com amigos ou familiares que topam embarcar no projeto seja por amizade ou por promessa de benefícios futuros, uma permuta. Até aí tudo bem…

O problema começa quando essas pessoas nunca trabalharam numa campanha eleitoral e não fazem ideia de como construir essa campanha.

Soma-se a isso a falta de tempo na agenda para se dedicar ao trabalho, afinal todos têm uma vida com emprego e outras obrigações. É aí que o projeto político fica ameaçado.

Exemplos reais

Para melhor ilustrar, as duas situações que vivenciamos na Ethos diziam respeito ao posto-chave: o coordenador da campanha.

No primeiro caso, o candidato definiu como coordenador alguém que não tinha tempo no seu dia a dia para tratar das questões relacionadas com a campanha. Essa pessoa cuidava desses assuntos somente em intervalos de tempo.

O segundo caso é pior. A coordenação da campanha foi colocada nas mãos de alguém que morava em outro estado, a quilômetros de distância de onde as ações políticas iam acontecer. E, novamente, uma pessoa que tinha uma rotina cheia e não tinha muito tempo para se dedicar à construção dessa candidatura.

O resultado para ambos os casos? Os projetos nossos, da agência, para a campanha não evoluíam. Respostas simples levavam mais de um dia para serem dadas ou materiais e orientações não eram solicitados, repassados ou postos em prática.

Isso prejudica não só o andamento como também compromete o sucesso de uma campanha.

Como montar uma equipe de campanha

Existe um tamanho de equipe ideal para uma campanha? Claro! Porém, é possível sim fazer um bom trabalho, e obter sucesso, com uma equipe pequena. A questão é saber montar essa equipe.

Tenha em mente que coordenação é o cargo principal. O próprio nome já explica que é alguém que vai gerenciar todos os fluxos. Então, essa pessoa precisa entender minimamente o que se espera que ela faça.

Alguém que nunca esteve numa campanha política na vida não tem a menor condição de coordenar a campanha por melhor que essa pessoa seja em outras áreas. É preciso não só conhecimento, mas malícia, jogo de cintura, visão política…

Então, não convide ou coloque nesse posto uma pessoa aleatória somente porque você simpatiza ou confia. Sim, confiança é mais do que importante, mas “entender do paranauê político” é tão importante quanto.

Definindo a coordenação, pense em quem pode te ajudar na questão de identidade visual, na produção de conteúdo audiovisual e na redação de textos. Há bons profissionais que podem atender em cada uma dessas áreas e em alguns casos em mais de uma. Ou busque uma agência que dê suporte a isso.

Ter alguém que ajude na mobilização de lideranças e tenha bom trânsito em bairros, empresas ou áreas estratégicas de onde sua campanha vai se dar é muito importante.

Se você está se perguntando onde encaixar os familiares ou amigos que querem ajudar, mas não têm conhecimento em nenhuma dessas áreas, a resposta é simples!

Montando um time mínimo com alguns profissionais experientes que possam atender o que coloquei acima, converse com eles em conjunto com seus amigos e familiares e decidam como cada um pode contribuir no projeto.

Se você tiver dois bons profissionais que tenham preparo suficiente para um projeto político, eles saberão como agregar as pessoas que nunca atuaram na área.

Todos saem ganhando e, principalmente, seu projeto não fica ameaçado por achismos ou amadorismo.

Uma breve conclusão

Esse texto não pretende esgotar o assunto da equipe de campanha tampouco servir como um guia de cargos e funções. Se você quiser um bom material indicativo sobre cada cargo e profissional para uma campanha, clique aqui.

Minha intenção aqui foi compartilhar a experiência frustrada que vivemos a partir do momento que pessoas sem preparo e sem tempo disponível foram colocadas para gerenciar campanhas eleitorais.

Por mais que você queria economizar e deseje ter pessoas queridas no seu projeto político, lembre-se sempre daquele ditado que “o barato sai caro”.

Ganhar uma eleição é um processo que exige construção de reputação, posicionamento, diálogo, definição de pautas etc. etc. e tudo isso feito de forma profissional.

O amadorismo ou o improviso até podem dar certo em um caso ou outro, mas aí fica a seu critério arriscar o seu projeto e o seu dinheiro nisso.

Jefferson Rodrigues

Jefferson Rodrigues

Co-founder Agência Ethos. Jornalista, estrategista político e consultor em marketing político. Atuou na editoria de política do jornal O Tempo e na assessoria de imprensa da Prefeitura de Juiz de Fora. Em eleições, tem no currículo a estratégia e a coordenação geral de campanhas de prefeitos, vereadores e deputados em MG, SP, RJ e BA; além de ter atuado em equipes de campanhas para governo e senado em Minas Gerais.

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